Uma palhaçada monumental
Os comentaristas e jornalistas que cobriram o evento juram que desta vez a organização da festa deixou o conservadorismo de lado. Pela primeira vez na história do Oscar, alguns atores e atrizes anunciavam os indicados e entregavam as estatuetas fora do palco. No Brasil, um programa de auditório já não o utilizava, nos anos 80 e 90, do século passado. Durante o Topa Tudo por Dinheiro, Senor Abravanel, vulgo Silvio Santos, apresentava câmeras escondidas e jogava dinheiro para as colegas de trabalho no corredor do auditório. Se a Academia copiou o formato da atração tupiniquim, o ex-camelô também aprontou uma das suas. Desde 1958, os melhores da TV recebem de suas mãos o Troféu Imprensa, uma cópia fiel do Oscar norte-americano.
A entrada triunfal
Enquanto a Rede Globo transmitia o Fantástico e o Big Brother Brasil, apenas os felizardos assinantes de TV a cabo tiveram o privilégio de acompanhar ansiosamente a chegada das celebridades no tapete vermelho que dá acesso ao teatro. As mulheres, super maquiadas e com penteados que beiram o exotismo, desfilavam seus vestidos estilo bolo-de-casamento-com-quatro-andares. Os homens, um pouco mais discretos, caminhavam sorridentes com terninhos preto-vou-ao-velório ou trajes híbridos que misturam fraque e smoking. Só faltou a cartola!
E de volta ao Brasil, daqui um tempo, festas de 15 anos, formaturas e casamentos estarão repletos de vestidos como àqueles do Oscar. Se ninguém se lembrar de como era o modelo, o costureiro ou costureira poderá consultar em seu acervo de revistas de fofocas aquilo que a cliente deseja. Tanta cafonice pode ser prejudicial às debutantes, formandas e madrinhas? Não! Como essa é a premiação mais importante do cinema mundial tudo é lindo e fabuloso. Ninguém pode ser petulante o suficiente para criticar um vencedor, muito menos um vestido. A cerimônia sempre foi e será impecável do começo ao fim.
Desatualizados? Nunca!
Uma legião de cinéfilos acha que tem a obrigação de ir ao cinema para assistir aos filmes indicados. Assim, eles podem acompanhar a cerimônia de cartas marcadas e até formar uma torcida organizada. Será que ninguém percebe que o suspense é artificial? Todos os movimentos são tão ensaiados que o improviso fica mais intragável que um whisky paraguaio. Entretanto o que resta é o glamour que hipnotiza os telespectadores que suportaram as três horas de transmissão e permaneceram acordados até as primeiras horas da madrugada de segunda-feira.
Existem outras premiações!
O César é apenas uma das oportunidades que diretores, atores, atrizes e técnicos têm para receberem o devido reconhecimento pelo trabalho que realizaram. Infelizmente, também é conhecido como o Oscar do cinema francês. Que maravilha! Mas quem deu bola para a premiação ocorrida em Paris na véspera da cerimônia de Los Angeles? Nos jornais pouquíssimas linhas e nenhuma foto. Na televisão, só alguns minutinhos foram dispensados para citar que existe um evento que consagra a Sétima Arte na terra de Truffaut.
Se o César também é considerado um Oscar, porque o grande vencedor da noite ainda não está passando por aqui? L’Esquive levou a estatueta de Melhor Filme. Porém, não há cartazes nos cinemas. Muito menos o trailer é exibido antes das cinco produções indicadas para o Oscar norte-americano que, por sinal, já estão em cartaz faz um bom tempo.
Viva a indústria de entretenimento em massa que fabrica filmes como se fossem chicletes! A gente mastiga, o sabor acaba e depois cuspimos no lixo. Bom mesmo é nivelar por baixo e continuar emburrecendo os amantes do cinema com filminhos caríssimos que não acrescentam nada, absolutamente nada!