Anotações de um caderninho espiral

Impressões sobre aquilo que acontece ao meu redor

quarta-feira, 14 de setembro de 2005

As idéias desistiram de existir

Dormia com a luz do abat-jour acesa. Apenas a apagava quando se levantava para trabalhar. O maço de folhas sulfite e a caneta eram suas companhias naquele quarto. Depois de escovar os dentes, sempre verificava se tudo estava em ordem. Só assim conseguia deitar na cama, fechar os olhos e esperar o sono chegar. Tinha medo de acordar e não encontrar sobre criado-mudo folhas de papel e uma caneta funcionando perfeitamente. Acreditava que as melhores idéias nasciam durante os sonhos. Por anos a fio, anotou diariamente tudo aquilo que conseguia lembrar quando acordava no meio da madrugava. Logo em seguida dobrava a folha ao meio, abria a gaveta e depositava ali aquele pedaço de papel repleto de garranchos. Depois de fechar a gaveta, dormia tranqüilamente por mais algumas horas. Numa noite, parou de escrever. A luz nunca mais se apagou.