Anotações de um caderninho espiral

Impressões sobre aquilo que acontece ao meu redor

sábado, 27 de maio de 2006

Chuteira no pé, nó no pescoço

O primeiro adversário do Brasil na Copa do Mundo, a Croácia, pode até não ter muita tradição no futebol. Em compensação, o nome do país é sinônimo de moda masculina. Foi lá que a gravata nasceu. E, nos idos do século 17, o mundo pôde conhecê-la quando chegou à Paris, durante a Guerra dos 30 anos.

Em 1635, um grupo de 6 mil soldados e cavaleiros croatas vieram à capital francesa para manifestar seu apoio ao rei Luis XIII que estava em guerra contra a Espanha e a Áustria. Entre eles havia um grupo de mercenários que se destacou na multidão. Eles usavam uma tira de pano amarrada no pescoço.

Encantados, os parisienses perguntavam aos mercenários qual era o nome daquele acessório chiquérrimo. Só que os croatas não abriram o bico porque os franceses se recusaram a pagar pela resposta. Mas mesmo se falassem, ninguém entendia bulhufas de croata. Então, para tentar resolver o problema e batizar a bendita tira de pano, a palavra hrvat, que significa croata coincidentemente em croata, foi adotada. Mas, mesmo assim, por carecer de vogais, surgiu a palavra francesa cravate.

A nova moda se espalhou pelo mundo e a cravate chegou ao Brasil como gravata. No entanto, em virtude da sensação de enforcamento provocada por essa peça de vestuário, principalmente durante o verão, nós temos mais um motivo para torcer contra a Croácia e também lamentarmos a derrota frente à seleção francesa na final do mundial de 1998.
ExampleSeleção fashion: camiseta da seleção croata modelo tabuleiro de xadrez

quinta-feira, 18 de maio de 2006

A estranha forma de amar do Füher

Logo após de ascender ao poder, em 1933, Adolf Hitler começou a se sentir sozinho e carente. Então, para animar um pouco suas noites de solidão, convidou a bela atriz de cinema alemã Renate Müller, de 19 anos, para dar uma passadinha na Chancelaria. Hitler começou a noite descrevendo minuciosamente como os homens da Gestapo arrancavam a confissão de suas vítimas. E se vangloriou porque eles eram muito mais brutais, cruéis, malvados, terríveis e eficientes que o pior dos torturadores medievais.

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Um olhar penetrante e seu visual irresistível. Mas quem era seu cabeleireiro?

Renate foi ficando enjoada à medida que ouvia as atrocidades cometidas pelos algozes do Füher. Porém, apesar de querer botar para fora a qualquer custo o jantar daquela noite, a jovem atriz já havia se conformado com a idéia de ir para a cama do homem mais poderoso da Alemanha naquela época. Quando o estoque de barbáries terminou, os dois se dirigiram a um quarto e se despiram. Inesperadamente, nu em pêlo, jogou-se no chão e, aos pés dela, fez um pedido surpreendente. Implorou que o chutasse. Depois, aos berros, afirmou: “Eu estou sujo, estou imundo”. Ao invés de tomar uma ducha, repetia sem parar: “Bata em mim! Bata em mim!”.

A jovem atriz ficou horrorizada. Jamais tinha visto uma cena como aquela. Suplicou-lhe que se levantasse, mas ele apenas gemia e se humilhava ainda mais. Por fim, tomou coragem, respirou fundo e o chutou. Primeiro timidamente, depois com vontade, castigando-o como lhe pedira. Quanto mais forte o chute, maior era a excitação. Anos mais tarde, Hitler, sentiria prazer semelhante quando invadiu Paris e seu exército desfilou de maneira triunfal na avenida Champs Elisées.

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Muitos inimigos do regime nazista sonharam com o momento que a bela atriz teve, mas nenhum pôde dar sequer um pontá pé no traseiro do Füher

Renate guardou na sua memória apenas a náusea que sentiu ao presenciar aquele show de horrores. No entanto, ao conversar com o diretor de cinema Alfred Zeisler, contou que isso nem de longe era o pior. Havia algo mais tenebroso que não conseguia dizer porque ficava enjoada com a recordação e tinha que ir correndo para o banheiro vomitar.

E realmente ninguém nunca soube de mais detalhes daquela noite de amor inesquecível. Pouco tempo depois, Renate Müller se suicidou ao pular da janela de seu hotel, em Berlim. Mas há quem afirme que a jovem foi empurrada por ordem da Gestapo, depois de ser acusada de ser amante de um judeu.

sexta-feira, 12 de maio de 2006

O beijo quase infinito

Um pedestre parou no farol e ganhou um beijo, de repente. Não sabia quando isso aconteceu porque, sem perceber, fechou os olhos. Seria manhã, tarde ou noite? Apesar de estar prestes a cruzar uma avenida movimentada, não ouvia o ruído das pessoas que falavam não importava o que nem o barulho do motor dos carros que buzinavam ansiosos para avançar o sinal verde o quanto antes. A ausência de claridade ou de escuridão parecia ser permanente. O tempo passava, mas apenas ao seu redor.

Para ele o tempo estava suspenso, havia congelado. Era como se o seu relógio tivesse apenas o ponteiro dos segundos e, após completar uma volta, retornava ao zero. Seu relógio imaginário realizou esse ciclo inúmeras vezes. Devem ter sido muitas. No entanto, era impossível contar.

O beijo terminou e quando abriu os olhos, a vida continuou: ouviu os sons com mais nitidez e apesar de não serem nada agradáveis, não o incomodavam mais. As cores do dia, agora ainda mais vivas, também voltaram. Só que agora muito mais claras e nítidas. O farol se abriu e pôde atravessar a faixa de pedestres para enfrentar a multidão que vinha em sua direção. Mas desta vez estava fortalecido pelo beijo e porque também caminhava de mãos dadas.