Anotações de um caderninho espiral

Impressões sobre aquilo que acontece ao meu redor

quinta-feira, 28 de abril de 2005

O pior texto

Está difícil! Tentei ser disciplinado, criativo e prestar atenção nas coisas que acontecem ao meu redor. Mas como vocês já devem ter percebido, já faz um tempão que este blog não é atualizado. Estou passando por uma fase de desespero que procuro driblar com todas as minhas forças. No entanto, o fantasma do hiato criativo apareceu e não larga do meu pé. Diferente do Gasparzinho, o fantasminha camarada, o fantasma do hiato criativo é extremamente cruel e impiedoso.

Sento em frente ao computador, olho para as teclas do teclado que estão ávidas para serem espancadas. Vejo a caixa de texto do blog em branco e ela continua assim por horas a fio. Penso nos leitores que já leram as anotações de um caderninho espiral e a responsabilidade aumenta. E ainda existem os outros que um dia podem ler alguma anotação. É nessas horas que o maldito fantasma atormenta meus pensamentos.

Ainda não perdi a batalha nem me rendi. Em breve, eu garanto, mudando o estilo ou não (caso eu já tenha um), este blog voltará a ser o que já foi um dia. O fantasma do hiato criativo não vai me vencer! Eu tenho certeza disso! Ufa, pelo menos esse texto eu consegui terminar.

quinta-feira, 14 de abril de 2005

O primeiro amor de Napoleão

Muito antes de dar uma banana para o Papa Pio VII e se coroar imperador da França em 1804, o jovem Napoleão Bonaparte era extremamente tímido e sequer tinha amigos. Ninguém poderia imaginar que um estudante baixinho do colégio militar de Brienne se tornaria um general com astúcia invejável e formaria um império que se estendeu por quase toda a Europa. No tempo de estudante, rejeitado pelos colegas, buscava refúgio na biblioteca. Porém, sua única paixão não foi apenas a leitura. Aos 14 anos, apaixonou-se perdidamente por Pierre François Laugieu, conhecido também como a ninfa. O rapaz era uma gracinha e Napoleão, preocupado com o assédio dos outros estudantes, morria de ciúmes. Chegou a implorar diversas vezes por provas de amor incondicional.

O destino fez com que o casal, ou melhor, os dois amigos partissem juntos poucos anos mais tarde para a Escola Militar de Paris. Como Pierre François foi rapidamente tragado por círculos homossexuais, Napoleão, muito irritado e com os olhos cheios de lágrimas, renunciou sua amizade e pediu que nunca mais lhe dirigisse a palavra. É, às vezes, o amor é uma dor que deve ser deixada de lado para que o sofrimento acabe de uma vez por todas.

Já casado com Josefina e rodeado de amantes, Napoleão I fez uma viagem para a Rússia. Chegando lá, ficou obcecado com a beleza inebriante de um jovem loiro. O tal rapaz era ninguém menos que o czar Alexandre I. Os dois estadistas se encontraram pela primeira vez em uma balsa no rio Tilsit. Durante o passeio, Napoleão, loucamente excitado, exclamou: "É um Apolo!". Infelizmente o imperador da França não teve muita sorte e seu amor pelo protótipo russo de deus greco-romano não foi correspondido. Mesmo assim, ainda morrendo de amores pelo belo czar, escreveu uma carta a sua esposa. Em um trecho afirmou: “Se Alexandre I fosse mulher, eu faria de tudo para que ele fosse minha amante!". Será que o czar era parecido com a ninfa dos tempos de escola militar?


Napoleão posa com mão estrategicamente escondida dentro do colete. Ué, onde ele deixou seu indefectível chapéu?

quinta-feira, 7 de abril de 2005

O Papa não é o que parece

Para dar o último adeus ao Papa João Paulo II, milhões de pessoas foram até o Vaticano e esperaram 24 horas na fila para dar uma olhadela de 20 segundos no fétero exposto na Basílica de São Pedro. Quem não pôde chegar ao menor país do mundo, estava sem dinheiro para viajar ou não está nem aí para o velório, acaba, meio que sem querer, assistindo à interminável cerimônia pela televisão. Até a minha manicure, evangélica de carteirinha, jura de pés juntos que acompanha o velório sempre que tem um tempinho e não se cansa de tecer elogios ao sumo pontíficie. "Ele é um homem bondoso. Nunca faltou amor no seu coração", afirmou com um inexplicável brilho nos olhos enquanto retirava a cutícula do dedo anelar da minha mão esquerda.

No entanto, a declaração mais incrível ficou reservada para a hora do polimento das unhas da mão direira. Ao pegar a lixa, contou que o filho dela levou um baita susto ao ligar a TV e ver o defunto exposto para a multidão de fiéis. Para tranqüilizá-lo, ela o acalmou com uma justificativa que pode deixá-lo ainda mais traumatizado: "Filhinho, na verdade, o homem que está ali é o Papai Noel descansando. Ele está até com uma capa vermelha. Não tenha medo, ele já vai abrir os olhos e sair daí". Só espero que o tal Papai Noel da televisão levante-se antes do Natal. Caso contrário, o garoto vai ficar sem presente mesmo se ele for um bom menino durante o ano inteiro.

Ah, graças ao coração repleto de amor do Papa, a manicure arrancou um verdadeiro bife do meu dedo quando tirava a cutícula!