O beijo quase infinito
Um pedestre parou no farol e ganhou um beijo, de repente. Não sabia quando isso aconteceu porque, sem perceber, fechou os olhos. Seria manhã, tarde ou noite? Apesar de estar prestes a cruzar uma avenida movimentada, não ouvia o ruído das pessoas que falavam não importava o que nem o barulho do motor dos carros que buzinavam ansiosos para avançar o sinal verde o quanto antes. A ausência de claridade ou de escuridão parecia ser permanente. O tempo passava, mas apenas ao seu redor.
Para ele o tempo estava suspenso, havia congelado. Era como se o seu relógio tivesse apenas o ponteiro dos segundos e, após completar uma volta, retornava ao zero. Seu relógio imaginário realizou esse ciclo inúmeras vezes. Devem ter sido muitas. No entanto, era impossível contar.
Para ele o tempo estava suspenso, havia congelado. Era como se o seu relógio tivesse apenas o ponteiro dos segundos e, após completar uma volta, retornava ao zero. Seu relógio imaginário realizou esse ciclo inúmeras vezes. Devem ter sido muitas. No entanto, era impossível contar.
O beijo terminou e quando abriu os olhos, a vida continuou: ouviu os sons com mais nitidez e apesar de não serem nada agradáveis, não o incomodavam mais. As cores do dia, agora ainda mais vivas, também voltaram. Só que agora muito mais claras e nítidas. O farol se abriu e pôde atravessar a faixa de pedestres para enfrentar a multidão que vinha em sua direção. Mas desta vez estava fortalecido pelo beijo e porque também caminhava de mãos dadas.