Anotações de um caderninho espiral

Impressões sobre aquilo que acontece ao meu redor

terça-feira, 29 de março de 2005

Um clamor surpreendente e poético

Há quem precise comprar leite. Outros preferem o tradicional arroz e feijão. Ainda têm aqueles que necessitam comprar remédios. Os mais práticos optam por um marmitex. Alguns usam todas essas justificativas para comprar drogas ilícitas ou uma dose cachaça. Infelizmente essa é a dura realidade daqueles que sobrevivem pedindo alguns trocados nas ruas, faróis e ônibus de São Paulo.

Hoje um adolescente subiu no ônibus que eu tomei para voltar para casa depois da aula de italiano e começou a distribuir fotocópias aos passageiros. Até aí nenhuma novidade. Mas se não fosse pelo poema e pelo pedido contido na folha, eu não teria colocado a mão no bolso para "comprá-la". Fiquei encafifado com a última linha do manuscrito xerocado. Se o jovem Alan é o autor dos versos, não sei. Porém, o pedido é muito original. Veja a transcrição abaixo e tire suas conclusões:

Ninguém

Ninguém é tão forte,
que nunca tenha chorado.
Ninguém é tão fraco,
que nunca tenha vencido
Ninguém é tão inutil,
que nunca tenha ajudado.
Ninguém é tão sábio,
que nunca tenha errado.
Ninguém é tão corajoso,
que nunca tenha medo.

Conclusão: Ninguém é tão ninguém que nunca precise de ninguém como eu preciso de você.

O certo é melhor pedir do que roubar. Estou na 6º série, preciso de um trocado, para comprar remédio de dor de cabeça, material escolar e também lanche no McDonald's. Gosto mais do Nº 1.

Um beijo, um abraço e um aperto de mão. Deus te abençoe. Alan, 17.

Mais direto impossível. Viva o Big Mac!!!

1 Comentários:

At 30 março, 2005, Blogger Estevao disse...

"Eu gosto do n1". Sincero, no mínimo.

 

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