Anotações de um caderninho espiral

Impressões sobre aquilo que acontece ao meu redor

quinta-feira, 3 de março de 2005

Nasce um novo Galvão

Errar é humano. Persisitir no erro é burrice. Pelo menos os locutores esportivos se enganam e não cometem sempre os mesmos equivocos. É por isso que durante uma transmissão, seja futebol, Fórmula 1 ou até mesmo campeonato de palitinho, cada qual presenteia os telespectadores com verdadeiras pérolas. O locutor Galvão Bueno é talvez o maior recordista na invenção de bordões mais grudentos que chiclete deixado em baixo de poltronas do cinema e campeão disparado na criação de conclusões esdrúxulas. Um bom exemplo para ilustrar seu refinamento em matéria de frases inesquecíveis aconteceu antes do amistoso entre Brasil e Inglaterra, durante uma falha na iluminação do estádio de Wembley, em fevereiro de 2001. Galvão afirmou com toda convicção: "O juiz deve adiar a partida para depois!". Mais claro e direto, impossível.

Com emoção saindo por todos os poros, o locutor, apelidado pela trupe do Casseta & Planeta de Gavião Bueno, consagrou-se ao narrar as vitórias do tricampeão mundial de Fómula 1, Ayrton Senna, nos anos 80 e 90. Quem não se lembra do famoso "Ayrton Senna do Brasil". O piloto que era da Silva, ganhou um sobrenome bem mais patriótico. Gavião, perdão, Galvão também ficou famoso por se esguelar sem parar ao berrar, urrar e gritar quando a seleção brasileira faz um gol tanto em partidas amistosas que não valem absolutamente nada como em finais de Copa do Mundo. Isso sem falar no seu talento único e imbatível em pronunciar a letra R como ninguém. O atual dono da camisa 9 da seleção não pode colocar os pés ou esbarrar de leve na bola que o grito de Rrrrrrrrrrrrronaldinho sai de sua garganta com tanta força que assusta qualquer um. Quem mandou o craque ter sido batizado com esse nome tão sonoro.

Cléber Machado, por sua vez, com um estilo bem mais discreto e contido, ocupa o posto de tapa-buraco oficial da Rede Globo. É como se fosse o Rubens Barrichello das transmissões esportivas. Quando o Schumacher, ou melhor, Galvão Bueno, não está com vontade de narrar um jogo ou corrida, lá vai o Cléber. Ontem, durante partida válida pela Taça Libertadores da América entre Cerro Porteño e Palmeiras, no Paraguai, o Rubinho da Globo não ficou devendo nada para seu colega. Aos 27 minutos do segundo tempo, Osmar recebeu um passe de Magrão e, na saída do goleiro, deu um toque sutil, mandando a bola para o fundo da meta paraguaia. Assim o Verdão arrancava um empate sofrido que persistiu até o fim da etapa complementar. Para comemorar a mudança no placar, o locutor soltou o ar dos pulmões e gritou cheio de vibração: "Olha aí o gol do Brasil".

Mas espera aí! Até onde eu sei, a equipe do Parque Antártica joga com camisas verdes e a seleção brasileira sai a campo com a temida canarinho. Além do mais, o Cléber Machado não é daltônico até que alguém prove o contrário. Eu, como palmeirense, devo confessar que fiquei bastante animado com o elogio. No entanto, pensando bem, o Palmeiras versão 2005 está muito aquém daquilo que foi na década de 90.

É só o Galvão Bueno que mantém uma vasta galeria de derrapadas? Claro que não! Aos poucos Cléber Machado cria um acervo bastante interessante de escorregões. Em 2002, o goleiro titular da seleção espanhola, Cañizares, ficou fora da Copa realizada na Coréia do Sul e no Japão porque cortou o pé ao deixar cair um vidro de perfume. O locutor tentou consolá-lo e disse: "Pelo menos ele ficou com o pé cheiroso!". Depois dessa, só me resta parabénizar aos locutores que são um espetáculo a parte quando estão inspirados e conseguem divertir os telespectadores com suas incríveis pérolas antológicas.

ExampleToma cuidado, Galvão! Cléber Machado vem aí correndo por fora e poderá destroná-lo!

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