Sábado é dia de ônibus mais caro
Com a tarifa tão cara essa imagem poderia ser comum, mas ninguém é atleta o suficiente para percorrer a cidade e chegar a tempo no trabalho ou na escola
Aí, alguém diz: "Ah, são só trinta centavos!". Mas quanto gasta, durante um mês, quem toma duas conduções para chegar ao trabalho e outras duas para voltar para casa cinco vezes por semana? Até sexta-feira, seriam R$ 136. No entanto, em meados de abril a conta alcançará os R$ 160. Os R$ 0,30 que pareciam não ser nada, acumulam-se e transformam-se em R$ 24. Então outra pessoa pode perguntar o que se faz com esse dinheiro. O trabalhador que já entende mais de economia que um ministro porque é obrigado a se desdobrar para pagar as contas em dia tem a resposta na ponta da língua. Sem exitar afirmaria: "Só encurtando o mês!". Infelizmente, como esse tipo de milagre não acontece, a solução é deixar de passear com a família aos finais de semana ou até mesmo comprar um churrasco grego de R$ 0,50 com direito a um suco grátis nas proximidades dos terminais de ônibus da Praça da Sé ou do Largo 13 de Maio, depois de uma longa jornada de trabalho. Barrigas vão roncar durante o retorno ao lar e os vendedores perderão clientes. Vale a pena lembrar que no início do Plano Real, em julho de 1994, os cobradores só recebiam dos passageiros uma moeda de R$ 0,50. Já o sanduíche, que muitos torcem o nariz quando vêem aquele monte de carne empilhada de origem duvidosa, não mudou de preço desde que o governo federal disse que CR$ 2.750 passariam a valer R$ 1.
Enquanto isso, até agora, a administração do tucano careca fez apenas um investimento no transporte público. Os adesivos com o logotipo da gestão anterior foram retirados da lateral dos ônibus. Essa medida saiu cara, né? Para a prefeitura talvez não. Mas para o passageiro que reservará a partir de sábado mais R$ 0,30 para passar pela catraca do busão, o investimento não serviu para coisa alguma. Nada melhor que um reajuste para comemorar o aniversário de três meses da nova gestão. E quem paga a conta é o povo que não foi convidado para a festa e nem conseguiria chegar a tempo, pois o ônibus, provavelmente, demoraria para passar no ponto. Vai ver, algum funcionário deve estar retirando um dos poucos adesivos que restaram.