Anotações de um caderninho espiral

Impressões sobre aquilo que acontece ao meu redor

segunda-feira, 20 de março de 2006

Sobre a angústia que não faz o tempo parar

Dezoito horas, doze minutos e quarenta e quatro segundos. Olhar aquele relógio de parede o torturava. Cada volta que o ponteiro dos segundos completava era como se um punhal penetrasse lentamente no seu coração. Subitamente, nasceu o desejo de arrancar as pilhas. Acreditou que poderia dar cabo ao sofrimento. Mas do que adiantaria? Dentro de instantes, o sol começaria a se por e a luz que entrava pela janela da sala ficaria fraca porque apenas a iluminação da rua faria com que ele pudesse enxergar as próprias mãos. A lâmina fria e afiada não deixaria de entrar cada vez mais no peito dele. Não se levantou da cadeira e acabou deixando as pilhas lá onde estavam. E o ponteiro vermelho e fino como uma agulha insistia em levar sessenta segundos para dar uma volta completa no relógio de parede. Sete horas, doze minutos e quarenta e quatro segundos.

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