Anotações de um caderninho espiral

Impressões sobre aquilo que acontece ao meu redor

sexta-feira, 31 de março de 2006

Questão de singularidade no jardim

Não era uma flor como qualquer outra. Nenhum botânico conseguia classificá-la pois reunia os melhores atributos de cada um dos mais belos exemplares já estudados. Os poetas sofriam por não serem capazes de incluí-la em nenhum verso. Quando se atreviam a enaltecer seus atributos ou simplesmente descrevê-la, acabavam vencidos pelo medo de diminuir sua beleza. Um floricultor disse certa vez que não ousaria vendê-la porque ninguém, nem mesmo a pessoa mais rica do planeta, teria dinheiro suficiente para comprá-la.

O jardineiro, responsável por cuidar daquele exemplar raríssimo, fornece incansavelmente doses diárias de carinho e amor, os únicos nutrientes que mantinham sua beleza inabalável. Em troca, tinha o direito de sentir o inigualável perfume que exalava. Ao respirá-lo, absorvia em sua plenitude a verdadeira essência do amor. A delicadeza de cada uma das pétalas se convertia em sorrisos encantadores. Ao vê-la, seus olhos podiam enxergar claramente as verdadeiras cores que a natureza oferece àqueles que sabem apreciá-la.

Como suas características deixavam a vida com um sabor especial, o jardineiro caminhava radiante como os raios de sol de um amanhecer de outono. Porém não era também capaz de defini-la, descrevê-la e muito menos avaliar seu preço. Aquela flor o cativou de tal forma que é e será a única no mundo para todo o sempre.

4 Comentários:

At 03 abril, 2006, Anonymous Anônimo disse...

Sim, meu caro, se trata de um exemplar único e você deve recebê-la com ternura para que sua delicadeza não pereça.
Outros admiraram seus inúmeros encantos mas erraram ao tentar cultivá-la em vasos de ouro e protegê-la com redomas de vidro, tudo em vão, ela é uma flor selvagem, simplesmente floresce.
Você a teve por perto uma vez e não soube cuidar dela, logo ela que tanto te deu e nada pediu. Pobre flor acabou quase morrendo, sufocada, esmagada por seus pés enquanto você admirava outra flor.
Você então logo percebeu o quão valiosa era ela e se apresentou arrependido, prometendo nunca mais maltratá-la e dizia não ter certeza de não existir outra flor como ela, como o princepezinho naquela história.
Enfim... cá está a flor te avisando: minha liberdade é o que me faz assim tão bela!

 
At 04 abril, 2006, Anonymous Anônimo disse...

ops, tem um erro de digitação (ou um ato falho se vc preferir): está "e dizia não ter certeza de não existir outra flor como ela" e o correto é " e dizia ter certeza de não existir outra flor como ela"

 
At 19 abril, 2006, Anonymous Anônimo disse...

tem outro erro de digitação só constatado agora na terceira leitura é "principezinho"

 
At 25 abril, 2006, Anonymous Anônimo disse...

Que lindo! Adorei!
"Cuide bem do seu amor, seja ele quem for..."
Bjos

 

Postar um comentário

<< Home